sábado, 6 de dezembro de 2008

Revisão de conteúdos mais antigos




Olá alunos!

Bom, este post é mais para os alunos que ficaram em recuperação e farão provas na quarta ou na quinta-feiras da semana que vem.
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Para todos os alunos dos três anos, primeiramente:
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Dêem uma olhada com calma nas cinco falácias que vimos: ad hominem (ao homem, ataque pessoal), ad mesiricordiam (apelo à piedade ou à misericórdia), envenenar o poço, bola de neve, espantalho.
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Falácias são erros de argumentação. No dia-a-dia nós discutimos sobre vários assuntos: aborto, eutanásia, cotas na universidade, desarmamento, pena de morte, proibição ou não das drogas, etc. E nessas discussões nós sempre apresentamos argumentos, razões, motivos para defendermos uma certa opinião. Por exemplo: sou contra o aborto, porque penso que a mulher, apesar de ser o seu corpo, não tem o direito de eliminar outro ser (feto) sem um bom motivo, um motivo forte (por exemplo: estupro, ou numa gravidez de risco). Porque o feto é um ser vivo que precisa ser considerado moralmente. Não se pode fazer o que se quer com ele. Se alguém não concorda com esse argumento precisa apresentar bons motivos. Dizer por que não concorda comigo. Uma pessoa não pode simplesmente me xingar, me humilhar, me ofender porque penso dessa maneira. Quando ela faz isso ela comete uma falácia. E quando ela comete uma falácia ela comete um erro de argumentação. Ela erra o alvo. Ao invés de discutir o assunto ela quer ofender a pessoa e isso não é aceitável numa discussão.
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Nós podemos ser falaciosos de várias maneiras:
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Atacando o homem ao invés do argumento: Você é um idiota, cara. Como que você pode ser contra o aborto? Isso é coisa de gente burra, atrasada, que não sabe nada.
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Fazendo uma bola de neve: Começa com essa história de proibir a mulher de fazer o que ela quer com o corpo dela, daqui a pouco criam-se outras leis com mais proibições e no futuro não vamos poder fazer mais nada! (isso é uma falsa previsão exagerada baseada num pequeno fato).
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Fazendo um espantalho (mudando, deturpando) daquilo que o outro defende (ou criticando os argumentos mais fracos): Você é contra o aborto, porque você acha que os fetos são iguais a bebês! Isso é ridículo! Um feto não é um bebê, não é um ser humano, é apenas um amontoado de células! (não foi isso que foi dito; se disse apenas que se deve dar atenção ao fato de que um feto não é apenas uma coisa que se pode fazer o que se quer com ela).
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Envenenando o poço: Esse sujeito que vai criticar o aborto é uma pessoa religiosa ultrapassada, que quer que todos sigam o que a bíblia diz. Não se pode levar a sério nada do que essa fala!
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Um texto divertido falando sobre falácias é: O amor é uma falácia.
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Depois de passar as falácias discutimos um pouco sobre ética. Dissemos que a ética seria discutida como uma "reflexão filosófica sobre a moral", e que moral seria entendido como tendo a ver com "certo" e "errado". A ética seria um tipo de discussão que procuraria discutir por que uma ação é certa ou por que uma determinada ação é errada moralmente. Por que roubar é errado? Porque existe um mandamento que diz: não roubarás. Essa é uma resposta religiosa. Mas será que o tipo de resposta religiosa serve para a ética? Não. Por quê? Por vários motivos: 1) porque nem todas as pessoas são religiosas; 2) porque existem várias religiões diferentes e que possuem códigos de conduta diferentes; 3) porque essa resposta não é bem uma resposta. Ela só diz que não devemos fazer uma determinada coisa porque existe um mandamento que proíbe essa ação, ou porque existe uma vontade de um Deus que proíbe essa ação, mas isso não serve como um motivo para a ética. Isso não é um motivo racionalmente aceitável; 4) porque não basta um Deus, ou um grupo de pessoas dizerem uma coisa é errada. Essa coisa deve ser errada porque possui um fundamento e não porque alguém diz, ou acha que é errado. 5) as pessoas não devem fazer ações corretas e evitar ações erradas apenas por medo de Deus ou esperando recompensas futuras. Devem fazer ações corretas e boas e evitar ações incorretas e más porque essas ações tem um valor próprio e porque causam um dano ou um benefício para a pessoa que está envolvida na nossa ação. Posso explicar melhor qualquer um desses pontos na parte de comentários.
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Vimos ainda que um exemplo de resposta ética para uma questão: "por que não devemos matar?"; seria a A Regra de Ouro: "Não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem com você". Essa resposta vale para todas as religiões, não precisa de um Deus, nem de ninguém que a fundamente. Ela tem um fundamento racional aceitável. É universal. Não depende da vontade de ninguém. E ela vale mesmo se o indivíduo não receber recompensa ou castigo algum no futuro.
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Sobre a liberdade também falamos um pouquinho.
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Se quiserem ler esse texto falando das diferenças entre: determinismo radical, libertismo (ou libertarianismo, como está escrito no site) e compatibilismo (ou determinismo moderado); e depois me perguntar algo, podem:
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Já esse outro texto é bem divertido falando sobre as ilusões do livre-arbítrio. Algumas pessoas acham que são livres para agir, mas será que são mesmo?Não precisam ler o texto inteiro, mas se vocês lerem acho que vão entender melhor todo esse problema entre dizer que a liberdade existe, ou que ela não existe, ou que existe um pouco, mas não é total, etc:




O resto dos conteúdos posso discutir num outro post quem sabe. Se vocês quiserem.
Bons estudos (acredito que quase todo mundo vá passar de ano! e é sério, não estou brincando).




Abraços!
prof. Daniel

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Somente paranormais conseguem ler!


Pessoal, estou muito preocupado com o nível de leitura de vocês. Acho que a gente pode tentar melhorar um pouco a leitura. Seria bom que vocês lessem mais, mas mais importante é esforçar-se por entender o que lêem. Por isso que escrevi o texto abaixo. Vou decifrar as primeiras duas partes do texto Apologia (Defesa) de Sócrates (mesmo que você não esteja estudando esse texto comigo tente acompanhar até o fim essa postagem e veja se não vai ser útil para ler outros textos de Platão, ou textos do Mundo de Sofia).

Vocês não ficam impressionados quando vêem que outra pessoa, igual a vocês, lê o mesmo texto e vê um monte de coisas que vocês não viram tendo lido O MESMO TEXTO? Como ela faz isso? Ela é mágica? Possui poderes paranormais? Deus a iluminou mais que aos outros?! Ela é como nosso amigo bonitão aí de cima, com um cérebro super-desenvolvido? Ou o que aconteceu? Nada de especial! Ela simplesmente usa um dicionário quando lê e procura responder algumas perguntas para si mesma enquanto está lendo (como vocês verão abaixo):

Os dois primeiros trechos da Apologia de Sócrates dizem o seguinte (os trechos estão em negrito e em itálico):
Vou usar a versão que está disponível online neste site abaixo:
Apologia de Sócrates, Platão (clique aqui)

O que vós, cidadão atenienses, haveis sentido, com o manejo dos meus acusadores, não sei; certo é que eu, devido a eles, quase me esquecia de mim mesmo, tão persuasivamente falavam. Contudo, não disseram, eu o afirmo, nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar.

- Faltou o "s" ali em "cidadão".
- Qual significado da palavra "manejo"?
Como vocês sabem as palavras têm vários significados possíveis. É preciso ler e ver qual o sentido se encaixa melhor na frase. Como se faz isso? Testando! Substituíndo a palavra desejada por um significado possível que vocês acharem no dicionário.
Exemplo:
O que vós, cidadãos atenienses, haveis sentido, com o manejo dos meus acusadores, não sei;

Um dos significados de "manejo" no dicionário Houaiss online é:
1.3 exercício, desempenho
Ex.: manejo de uma técnica, de uma arte

O que vós, cidadãos atenienses (membros do júri, pessoas de Atenas), sentiram, com o desempenho daqueles que me acusaram, eu não sei;

Logo em seguida é dito o seguinte:
(...) certo é que eu, devido a eles, quase me esquecia de mim mesmo, tão persuasivamente falavam.

Podemos substituir por:

(...) o que tenho certeza é que por causa deles, quase não me reconheci, pelo jeito convincente que eles falavam de mim [vocês lembram que haviam pessoas acusando Sócrates diante de um júri de 500 pessoas].

E por último Sócrates diz:

Contudo, não disseram, eu o afirmo, nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar.

"Contudo" pode ser substituído por "só que", "mas", "porém", "todavia", etc.
"Divulgar" o que significa?
Segundo o dicionário Houaiss:
Tornar pública (alguma coisa desconhecida por alguém); propagar, publicar (uma idéia, por exemplo).
Então os acusadores de Sócrates estavam querendo fazer as pessoas acreditar que ele Sócrates era um mentiroso, que possuía habilidades em falar. Falava bem, tinha aquela fala mansa, capaz de convencer as pessoas de suas idéias. Em outras palavras, Sócrates seria um sofista.

Mas, então, não se envergonham disto, de que logo seriam desmentidos por mim, com fatos, quando eu me apresentasse diante de vós, de nenhum modo hábil orador? Essa me parece a sua maior imprudência, se, todavia, não denominam "hábil no falar" aquele que diz a verdade. Porque, se dizem exatamente isso, poderei confessar que sou orador, não porém à sua maneira.

O que é desmentir?
Segundo o dicionário Houaiss online:
Afirmar que (algo) contraria a verdade

Sócrates então ia mostrar que algo que eles, os acusadores, haviam dito é mentira. Mas o quê? Que ele seria "hábil em falar". Mas como ele provaria que não é habil em falar? Pelo simples fato dele se apresentar em frente ao júri dos 500 jurados e não saber falar de modo hábil (falar com habilidade)! Vejam que argumento mais bobo, mas é isso que Sócrates está dizendo. Releiam e vejam se não é isso mesmo.

O que é imprudência? Uma pessoa imprudente o que ela faz?
Uma pessoa descuidada, que age sem prudência. Mas o que é a prudência?
Virtude que faz prever e procura evitar as inconveniências e os perigos; cautela, precaução. Segundo o dicionário Houaiss online.

"Todavia" pode ser substituído por "só que", "mas", "porém", "contudo", etc.

"Porém", é o mesmo que "só que", "mas", "todavia", "entretanto", "contudo", etc.

A expressão, ou locução: "à sua maneira"; significa o quê?
Do seu jeito, do seu modo.

Mas que descuido os acusadores cometeram?
Eles são descuidados se eles dizem que quem fala bem não fala a verdade. Porque se eles estiverem dizendo que quem fala bem é quem diz a verdade, então Sócrates seria um bom orador, uma pessoa que fala bem, pois a única coisa que ele fala é a verdade. Não fica tentando apenas convencer as outras pessoas sem se preocupar com a verdade daquilo que diz, como fazem os sofistas.

Agora, alunos, que lições vocês aprenderam disso que eu fiz?
Que que vocês podem tirar daí para ler outros textos?
Que acharam desse método? Gostaram, não gostaram?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Destino e liberdade

Olá, em especial para os primeiros anos! 15, 17, 18!
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No último encontro discutimos um pouco sobre o destino. Mas por que fizemos isso? Por causa do capítulo do livro Mundo de Sofia que trata desse assunto. Como vocês já notaram em todo novo tópico apresentado Sofia recebe um envelope branco com algumas perguntas para que ela reflita um pouco sozinha sobre os assuntos antes de ler os textos mesmos do curso que o(a) filósofo(a) envia à ela no outro envelope, o amarelo (não serão aqueles alaranjados?). Tentamos fazer em sala de aula uma pequena discussão para ver o que vocês pensam do destino. E as respostas foram bem interessantes. Alguns disseram:
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Sim, eu acredito, pois nenhuma folha cai ao chão sem que Deus saiba, nenhum fio de cabelo cai de nossa cabeça sem o conhecimento de Deus e assim segue.
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Bom, mas aí surgia a dúvida: Somos livres? Se Deus sabe de tudo parece que não tem sentido falar em liberdade. Alguns disseram que temos o livre arbítrio, podemos escolher o bem ou o mal. Eu entendo esse argumento, mas aqui ele não se encaixa. Por quê? Porque a passagem que estamos usando é muito forte, ela diz que Deus tem o conhecimento de tudo que ocorre e que ocorrerá e que já ocorreu. Portanto nada que a gente faça será realmente livre.
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Alguns defenderam dizendo o seguinte: Deus sabe de tudo, mas o homem não sabe e por isso ele é livre. Esse é um argumento interessante, mas o que será que ele significa? Que a nossa liberdade, na realidade, é apenas uma ilusão para o homem, pois tudo que fazemos ou deixamos de fazer Deus já sabia que ia ser assim. Não é exatamente isso que estamos dizendo? Parece-me que sim. Por isso esse argumento não parece ser bom, pois o que no fundo estamos dizer é: não somos livres, apenas não sabemos disso.
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Outros colegas disseram: tem coisas que nós não temos como saber. Não temos como saber como é possível que sejamos livres, mas que ao mesmo tempo tudo já esteja pré-determinado, tudo já seja do conhecimento de Deus. Será que é um problema não termos como saber sobre isso? Sim. Por quê? Porque se não soubermos como iremos descobrir se agimos livremente ou não? E não é importantíssimo agir livremente? Uma pessoa que é obrigada a fazer uma coisa não é livre. E aquilo que ela faz de maneira obrigada não tem valor. É o agir livre que dá valor às coisas. Quem não age de maneira livre não pode ser preso. Por quê? Porque a responsabilidade pelo que fazemos ou deixamos de fazer está ligada diretamente à nossa liberdade. Ou não?
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Quando os colegas diziam que nós temos livre-arbítrio e podemos escolher entre o bem e o mal, eu penso que esse argumento é usando contra aquelas pessoas que costumam dizer: "Como que eu posso ser livre se eu só posso escolher a Deus? Se eu escolher outra coisa estarei perdido, então isso não pode ser livre-arbítrio de verdade". É aí que vocês sempre respondem: "Ora, mas você pode escolher entre o caminho de Deus ou o caminho do outro lá, o bicho feio, o guampudo". Eu acho que aqui nessa discussão sobre liberdade e destino esses argumentos não se encaixam. Mas só para colocar um problema para os meus/ as minhas perspicazes alunas e alunos, eu diria o seguinte: Será que só há mesmo dois caminhos? O de Deus ou o do outro? E todas as outras religiões e os ateus, todos esses, então são adoradores do capeta e irão para o inferno? Será que não há muito mais possibilidades de ser feliz e viver bem com as outras pessoas? Parece que sim, não é mesmo? Que acham? Talvez isso seja se alongar demais. Fica prum próximo tema!
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Não esqueçam: leiam com muita atenção as páginas 61 - 70 do Mundo de Sofia!
Um outro exemplo de Destino é a cartomante. Que diz ler o futuro das pessoas através de algumas cartas. Gostaria que dessem uma lida no conto de Machado de Assis, A Cartomante. É muito legal, vocês vão gostar! Aí vai o link:
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Querem saber como os gregos viam o Destino? Eles falavam das Moiras! Quero saber se vocês descobrem quem eram as Moiras, quantas eram e o que faziam (para ler o texto na página tem que descer um pouco que o texto está mais abaixo de todos aqueles deuses):
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E a tragédia inevitável (não-evitável) de Édipo?! Mesmo seu pai, Laio, querendo matá-lo para se livrar da previsão feita pelo Oráculo (Templo Sagrado destinado a uma divindade grega) - o Oráculo revelou à Laio que seu filho Édipo o mataria e então Laio ao nascer seu filho pede para um servo matar a criança, porém o servo não cumpre a ordem, apenas finge que cumpre... o resto clique abaixo! A cidade de Tebas está sofrendo com terríveis calamidades por causa de um crime. Édipo, o rei da cidade, e os habitantes desejam saber o que fizeram para tantos males ocorrerem com eles. Lá pelas tantas eles descobrem!
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Édipo Rei, escrito por Sófocles
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Ótimas leituras!
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Clique no link para saber tudo sobre o Oráculo de Delfos e clique na imagem para ampliá-la:

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Alunos analfabetos? Pressa e ignorância

Uma coisa que tenho notado entre os alunos ao vê-los fazer os exercícios é uma grande pressa. Querem ler rapidamente as questões e os trechos nos textos para logo se livrar. Saber onde está no texto, de onde até onde precisam copiar e pronto, fim da tarefa. Qual o problema com isso? O problema está em não ler com calma, procurando entender o que está lendo. Qual a conseqüência disso? Responder as questões sem entender o que acabou de escrever. E daí professor? E daí que você não sabe o que você acabou de escrever, logo você não aprendeu coisa nenhuma, não fixou nada. Isso tem conseqüências gravíssimas. Por quê? Porque você está se tornando um analfabeto funcional. O que que é isso, professor? Outra hora falarei mais sobre isso, mas por agora digo o seguinte: é alguém que mesmo sabendo ler e escrever tem muita dificuldade de compreender (ler e compreender o que leu) e redigir (escrever, produzir) textos.

Você precisa utilizar seu cérebro na hora de ler os textos, mas como se usa o cérebro? De várias maneiras, 1) ao ler um texto procurar saber se você compreende as palavras e expressões do texto; 2) ao ler um texto ver se você sabe que palavras os pronomes estão substituindo (o que é um pronome?); 3) fazer inferências (bom, se ele disse que a filha que ele foi buscar era a caçula, então há outros filhos - essa informação não foi dada, você chega a ela raciocinando sobre o texto); 4) cruzar informações (ele disse tal e tal coisa, mas agora diz essa outra coisa, isso não será uma contradição?); 5) ler ao menos os capítulos até o fim antes de começar a responder (em geral as respostas estão sempre mais a frente); 6) tentar explicar para si ou para alguém o que o parágrafo que você acabou de ler significa (o que é um parágrafo?); 7) fazer esqueminhas em folhas separadas. Por exemplo: Empédocles - Elementos básicos: fogo, ar, terra, água. Forças naturais: amor e disputa. Esse é um exemplo simples, mas posso dar outros mais adiante. 8) tentar não copiar simplesmente as coisas do texto, pois se você copia o professor não sabe se você entendeu ou não. Ele viu que você copiou, mas para ter a certeza que você compreendeu é bom escrever com as suas palavras sendo fiel ao texto (usar sinônimos, por exemplo, pode ajudar - que é um sinônimo?). Vocês conseguem fazer isso? Para conseguirem precisam treinar. Como nunca treinam não sabem. Anotem esses oito passos e tentem seguir!

Se vocês alunos raciocinassem em cima de um texto da mesma forma que fazem quando vêem novela ou ouvem uma fofoca (ou quando precisam resolver algum problema), meu deus! Seria maravilhoso! Quando vocês assistem novelas vocês ficam ativos e concentrados. Cruzam informações, fazem inferências, detectam contradições, percebem implicações, concluem, etc. Aí quando vão ler os textos parece que deixaram os cérebros em casa, descansando. O que será? Preguiça total, má vontade, desânimo, desmotivação, falta de rumo? Tudo junto?

Algum dos alunos do primeiro ano leu a recomendação do(a) filósofo(a) à Sofia ao fim do capítulo sobre Demócrito? É uma recomendação muito muito muitíssimo importante para os alunos que costumam nunca ler a "apostila" antes de vir para a sala de aula, nunca pesquisam as palavras no dicionário, ou seja, não se esforçam praticamente. Diz o seguinte na página 52, bem embaixo na página:

PS. Obrigado por sua atenção, Sofia. Talvez você tenha que ler este capítulo umas duas ou três vezes, antes de entender tudo. Mas a compreensão das coisas requer um pequeno esforço. Você não admiraria uma amiga que tem muitas habilidades se isto não custasse a ela algum esforço.

Quem não tem a "apostila" pode consultar aqui o texto:



Filme baseado no livro
Para ver trailer clique na imagem abaixo

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Material para os alunos


Olá, Caríssimos e Caríssimas!

Bom, agora queria primeiramente fornecer material aos segundos e terceiros anos que estão sem o material. Achei pela internet, em sites confiáveis, os textos Apologia (Defesa) de Sócrates que estamos trabalhando nos segundos anos (menos no Lisboa, lá trabalhamos Descartes e o Mundo de Sofia) e o diálogo de Platão chamado Eutifron, que estamos trabalhando nos terceiros anos. Junto com os textos achei um vídeo do youtube do professor Paulo Ghiraldelli Jr. falando sobre a Apologia (Defesa) e um texto tirado do jornal Opção de Goiás de autoria do professor Gonçalo Armijós Palácios explicando tanto a Apologia (Defesa) quando o diálogo Eutifron. Clique nos títulos sublinhados para acessar os textos (é preciso ter instalado no micro o programa Adobe Acrobat - quem não tiver me avise nos comentários):

Aqui o texto Apologia de Sócrates, de autoria de Platão, tirado do site Domínio Público:
Apologia de Sócrates, Platão

Se você não tem o Adobe Acrobat e não quer instalá-lo também é possível ler o texto Apologia acessando o site Consciencia.org, de Miguel Duclós, no link abaixo. Lá o texto está em formato html:
Apologia de Sócrates, Platão (html)

Abaixo temos um link para o texto do professor Gonçalo Armijós Palácios no Jornal Opção de Goiás falando sobre a Apologia de Sócrates:
Explicação sobre Apologia, Gonçalo Armijós Palácios

E aqui temos o vídeo do professor Ghiraldelli falando sobre a Apologia (ou Defesa). Neste vídeo o professor vai falar de muitas coisas que vocês talvez não compreendam. Isso é normal. Procurem assistir os vídeos com calma (são dois) e anotar coisas que não entendam (por exemplo, filósofos analíticos e continentais). Sempre há coisas que não entendemos e pra isso estamos na escola para aprender essas coisas. Portanto não desaninem:

"Leitura" da defesa de Sócrates (vídeo explicativo- duas partes), Paulo Ghiraldelli Jr.

O diálogo Eutífron abaixo encontrei numa apostila elaborada pelo professor da Universidade Federal de Santa Maria Ronai Rocha para o ano de 2008. Um dos textos que ele trabalharia com os alunos dele seria esse diálogo Eutifron. O diálogo está entre as páginas 17 e 28 da apostila desse professor. Cliquem no link abaixo e acessem:
Eutifron, página 17 até 28 dessa apostila

Aqui o texto do jornal Opção explicando o diálogo Eutifron:
Explicação sobre Eutifron, Gonçalo Armijós Palácios

Para os mais curiosos vou deixar aqui uma pequena biografia de Platão, falando da sua vida e um pouco de suas idéias:
Platão, biografia (site Consciencia.org)

Em breve colocarei mais vídeos, mapas, biografias, textos explicativos para vocês!

Vejam aqui a que grupo de leitores vocês pertencem:
Como está sua leitura? Você sabe ler?

Abraços e até mais! Aguardo os comentários, impressões de vocês na parte de comentários aqui do blog! Basta clicar ali e mandar brasa.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

filosofia no Cecília

Criei este blog para poder ter mais contato com os meus alunos. Falar um pouco mais sobre filosofia e sobre questões discutidas em sala. Desafio os alunos a conseguirem ler este post até o fim!

Os alunos sempre me perguntam o que é filosofia e pra serve. Nessas horas muitos professores procuram argumentar e mostrar motivos dignos e legítimos de se estudar filosofia. Eu já acho isso uma completa perda de tempo. Mesmo porque a maioria desses alunos não está realmente querendo saber essas coisas. Na maioria das vezes é só um assunto para distrair a aula, matar o tempo e coisas do tipo. Ou vocês acham que os alunos realmente ficam incomodados, perturbados, perdem o sono por não saberem o que é filosofia? Ou simplesmente não conseguem ler nada de filosofia enquanto não souberam o que ela é e do que exatamente ela trata? Que bobagem. Os alunos não sabem o que é matemática, ou geografia, ou história, ou química, ou física e nem por isso deixam de aprendê-las. E mesmo a maioria dos professores não saberá dizer exatamente o que é ou do que trata a sua disciplina (e nem por isso deixaram de se formar). Desafio os alunos a fazerem uma entrevista com os professores de todas as disciplinas e pedir para que escrevam um texto breve de 30 linhas falando sobre suas disciplinas. Exemplo: "disserte sobre o que é a geografia".

Quando vejo outros professores tentando convencer os alunos a gostarem de filosofia por causa dos motivos legítimos e dignos que eles apresentam a seus alunos sinto um pouco de pena e tristeza desses professores. Para os alunos soa vazio falar de alguma coisa que eles não lidam. Exemplo: "a filosofia é muito importante porque ensina a pensar". Bom, agora falta explicar que pensar é esse. Dar exemplos concretos. "A filosofia ensina a ser uma pessoa crítica". Ok, agora faltam exemplos do que seja ser crítico e do que seja a crítica filosófica. Então a dica é: professores, se alguma vez na vida pensarem em tentar convencer os alunos a gostar de filosofia procurem falar claro. Eu já acho que essa tarefa está fadada ao fracasso de saída, porque as pessoas dificilmente são convencidas. Elas se convencem. Quando elas querem se convencer, quando estão abertas para isso, aí sim. Do contrário pode gastar a saliva que quiser. Tarefa 2: tentem convencer alguém: 1) fechado 2) que não esteja nem aí para o que você diz 3) que não sinta necessidade imediata ou que nunca tenha sentido uma necessidade daquilo que você lhe diz (por exemplo, alguém que nunca tenha sentido necessidade na vida de saber filosofia ou história, ou matemática); e depois venham aqui nos comentários me contar.

Para pessoas abertas, interessadas e curiosas que quiserem de verdade saber para que serve a filosofia e o que ela é vou recomendar alguns textos abaixo. Quaisquer dificuldades na leitura dos textos, por favor, me avisem. Já sabem: leiam com calma, se estiverem com dificuldade de se concentrar leiam em voz alta, passem por cima de palavras que não compreendem para ver se conseguem entender a frase toda (claro, depois de ter lido o texto procure as palavras desconhecidas no dicionário e anote em algum lugar os sinônimos daquelas palavras desconhecidas), tenham na mente que eu já li esses textos mais de 10 vezes e preciso sempre ao ler novamente ir com calma, às vezes ler um parágrafo e voltar para ver o que eu entendi. Passar os olhos nos textos é fácil e rápido. Ler com calma procurando compreender precisa de tempo. E vocês viciados em adrenalina, videogames, filmes de ação, suspenses, não estão acostumados a isso, portanto começar é sempre muito mais difícil. É preciso treinamento para se conseguir desenvolver a capacidade de leitura. Tarefa 3: tentem ler algum desses textos e fazer um resumo, ou um esquema com as idéias principais do texto. Procurem sublinhar idéias principais e secundárias. Depois me mostrem.

Cliquem nos títulos sublinhados para abrir os textos.

PS.: comprometo-me a fazer um esquema com resuminho dos três textos (da forma como pedi).


Vou ficar por aqui senão ninguém lerá este blog.